domingo, 19 de agosto de 2012

Criticas e elogios na busca da acessibilidade na Bienal do Livro 2012


Ricardo Shimosakai, colaborou com varias citações para o meu livro Acessibilidade: Orientações para Bares, restaurantes e pousadas. Ontem finalmente pude conhece-lo e é dele o post que transcrevo, sobre o espaço e a acessibilidade na propria Bienal do Livro.
Ele fez uma avaliação da acessibilidade no evento, e deixou suas impressões no estande da CBN, que estava realizando uma oficina de rádio, onde os visitantes escreviam e gravavam uma pequena matéria, que depois era colocada na página da CBN na Bienal 2012 na internet. Leia abaixo a transcrição da matéria:
Meu nome é Ricardo Shimosakai, sou Diretor da Turismo Adaptado e trabalho com acessibilidade e inclusão no lazer e turismo. Em 2001 levei um tiro num sequestro relâmpago, que me tirou os movimentos das pernas, mas não minha alegria de viver.
Acessibilidade é um tema muito discutido atualmente, porém muitos itens importantes ainda não são considerados, principalmente em eventos.
Para compra de ingressos existe uma fila preferencial, porém as “cabines” são containers adaptados, onde a altura da janela de atendimento, ultrapassava a altura da minha cabeça. No caminho para a entrada encontrei um colega cadeirante trabalhando para o evento, o que amenizou a decepção do primeiro impacto na bilheteria. É importante pensar na inclusão da pessoa com deficiência, não só como visitante, mas também como trabalhador.
O objetivo principal foi conhecer o livro “Acessibilidade – orientações para bares, restaurantes e pousadas”, escrito por Cybele Barros e publicado pela editora Senac. Colaborei para a elaboração desse livro com várias citações.
Outras iniciativas interessantes foram apresentadas no evento como a contação de histórias realizada pela Mais Diferenças, onde havia intérprete de LIBRAS. A presença da Fundação Dorina Nowill divulgando a questão do Braile, e o Instituto Iris, falando sobre ações relacionadas à pessoa com deficiência visual.
O Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo realizou a exposição “Conhecimento: custódia e acesso”, acessível para pessoas com deficiência física e com um aparelho dinâmico que transforma a informação escrita em caracteres em relevo no formato Braile, para deficientes visuais.
“O que ainda me revolta, é que muitos expositores ainda utilizam de tablados em seus pisos, na construção de seus estandes, muitas vezes sem necessidade, colocados por puro costume ou estética. Quando o estande é grande, ficamos à procura do acesso, o que acaba tornando a visitação bastante cansativa, principalmente num evento do porte da Bienal do Livro”, comenta Ricardo Shimosakai.
O prazer dos livros e da literatura está ao alcance de crianças, adolescentes e adultos com deficiência visual por meio de livros braille, falados e digitais acessíveis. No Brasil, para atender às necessidades e interesses educacionais e culturais das pessoas com deficiência visual, a Fundação Dorina Nowill para Cegos, uma das pioneiras na criação de obras em braille, produz grande parte dos livros em formatos acessíveis. De janeiro a setembro deste ano foram produzidos mais 600 títulos nos três formatos.
Andréia Queiroz (29), deficiente visual há cinco anos, comenta que antes de aprender o braille e conhecer os livros falados só escuta rádio e televisão. Agora lê bestsellers, clássicos de ficção, biografias, e se sente muito mais capaz de interagir com o filho de 7 anos, com as colegas de trabalho e nas conversas com os amigos. É a leitura promovendo o resgate da cidadania, ajudando a devolver a auto-estima ao promover a inclusão social e desenvolvendo um olhar crítico que possibilita formar cidadãos conscientes.
Dados levantados pela Fundação Dorina Nowill revelam que os usuários da Biblioteca Circulante de Livro Falado da instituição leem cerca de nove livros por ano. Segundo a pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, a população brasileira lê aproximadamente 1,3 livros anualmente. Se contabilizado o número de obras indicadas pela escola, a média sobe para 4,7 livros por habitante/ano.
Em contrapartida outra pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV), encomendada pelo Ministério da Cultura, revelou que apenas 9% das bibliotecas públicas municipais possuem seção com obras em braille. Susi Maluf, gerente de distribuição de produtos da Fundação Dorina aponta que hoje, o mercado editorial brasileiro lança 20 mil títulos novos por ano. Destes, não chega a 2% as obras no formato acessível ao deficiente visual.
Levando-se em conta que a sociedade atual caracteriza-se pela busca da informação, do conhecimento. Os resultados evidenciam a necessidade de ações de educação voltadas para o respeito ao universo cultural destas pessoas, seja pelo tato, pela audição ou mais recentemente pelos recursos que o computador pode oferecer.