TER NEGÓCIO ACESSÍVEL É
DESAFIO PARA EMPRESAS
Cresce a preocupação
para que estabelecimentos sejam adaptados
Um lugar que não está pronto para receber todas as pessoas é
deficiente, diz a arquiteta Thaís Frota, especializada em acessibilidade, ao
definir os locais não adaptados para portadores de necessidades especiais.
Hoje, ter um negócio com instalações que servem a todos torna-se cada vez mais comum, mas ainda é um
desafio para muitos empresários.
A Casa Julieta de Serpa, depois de dois anos de obras,
inaugurou, no fim de junho, um elevador para levar os frequentadores ao piso
superior do casarão histórico, localizado na Praia do flamengo, onde fica o
restaurante Paris. Conseguir a autorização da prefeitura para fazer as obras
não foi fácil, pois o prédio é tombado pelo Patrimônio Histórico.
- Primeiro, obtivemos
a licença para construir um elevador menor, que não comportava a cadeira de
rodas e outra pessoa. – lembra Fernando Rezende, gerente da Julieta de Serpa. –
Só depois conseguimos a autorização. Para interferir o mínimo possível na
fachada, o elevador, que é panorâmico, foi instalado no canto esquerdo.
- Tanto idosos quanto cadeirantes se sentem bem mais
acolhidos. Ainda é difícil para essas pessoas encontrarem locais de fácil
acesso – diz Rezende.
Empresários devem olhar
para todos
·
Frequentadora
da Julieta de Serpa e militante da causa
dos cadeirantes, a socialite Carmen Mayrink Veiga – que há cinco anos precisa
de cadeiras de roda para se locomover, em função de uma doença que limita o
movimento das pernas – diz que a acessibilidade nos estabelecimentos do Rio vem
melhorando bastante nos últimos anos:
- Mas falta muito para o ideal. Tem
empresário que não enxerga que não faz diferença se é um degrau ou se são dez:
cadeira de rodas não sobre nenhum.
O restaurante Vieira Souto,
inaugurado em dezembro, tem uma rampa removível para facilitar o acesso, além
de corredores e portas mais largas.
- Não foi uma exigência de ninguém.
Pensamos o projeto assim para oferecer conforto e também para conquistar o
respeito dos clientes com necessidades especiais e seus familiares – afirma João
de Souza, um dos sócios.
Caso de Carlos Alberto Rodrigues, que
procura frequentar locais que recebam igualmente os clientes, apesar de achar
que ainda faltam lugares no Rio que permitam o acesso aos cadeirantes:
- Me sinto respeitado nestes lugares,
como cidadão igual aos outros.
Mas o que é mais importante na hora
de elaborar um projeto de acessibilidade para um estabelecimento comercial –
seja loja, restaurante ou hotel?
- Em primeiro lugar, o empresário
deve pensar em todos. Não só em quem usa cadeira de rodas, mas nos idisos, em
quem tem baixa visão e outros tipos de necessidade – destaca a arquiteta
especializada em acessibilidade Thais Frota.
E esse tipo de cuidado não deve ficar
restrito ao “mundo real”. A Ford Credit, por exemplo, aproveitou que ia
reformar o site para lançar, em parceria com a Elancers, um ambiente acessível
para deficientes visuais.
- O site é uma representação da
empresa. A preocupação de torna-la acessível fisicamente deve se estender ao
mundo virtual - acredita Cezar Tegon,
presidente da Elancers.
“ Tem empresário que não vê que não faz diferença se é um degrau ou se
são dez: cadeira de rodas não sobre nenhum”
CARMEN MAYRINK VEIGA
DICAS PARA A OBRA DE
ADAPTAÇÃO
MEDIDAS: As portas e os corredores devem ter pelo menos 80 cm de largura. O ideal é que tenham 1,20m. As rampas devem ter 8% de inclinação, além de corrimões. Balcões não devem ultrapassar a altura de uma mesa, de cerca de 80 cm, para que todos possam ser atendidos.
ESPAÇO: Se faltar espaço para construir um sanitário que seja adaptado, a arquiteta sugere que, em vez de um masculino e um feminino, o local tenha dois unissex, sendo um adaptado.
PROFISSIONAL: Segundo a arquiteta Thaís Frota, um erro que muitos empresários cometem é chamar um pedreiro para fazer a obra de acessibilidade. O melhor, diz ela, é fazer, antes de tudo, um projeto: caso contrário, pode ser preciso – e, assim, sair mais caro – readaptar o que foi adaptado.
MEDIDAS: As portas e os corredores devem ter pelo menos 80 cm de largura. O ideal é que tenham 1,20m. As rampas devem ter 8% de inclinação, além de corrimões. Balcões não devem ultrapassar a altura de uma mesa, de cerca de 80 cm, para que todos possam ser atendidos.
ESPAÇO: Se faltar espaço para construir um sanitário que seja adaptado, a arquiteta sugere que, em vez de um masculino e um feminino, o local tenha dois unissex, sendo um adaptado.
PROFISSIONAL: Segundo a arquiteta Thaís Frota, um erro que muitos empresários cometem é chamar um pedreiro para fazer a obra de acessibilidade. O melhor, diz ela, é fazer, antes de tudo, um projeto: caso contrário, pode ser preciso – e, assim, sair mais caro – readaptar o que foi adaptado.
CADERNO BOA
CHANCE
Jornal O Globo,
página 8
15 de Julho
de 2012
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